segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Livros de cavalaria

Não há razão pra tanto medo
Dias não vão em vão.
Se o teu vídeo não virou viral
valeu a festa.
se teu astral não vai assim tão bem
vá ler um livro.
Um grande dragão não mete medo
se o herói for Dom Quixote.
Se o teu traço não é assim tão bom
valeu o risco.
Se tua estória for do coração
valeu a pena.
Um cavaleiro morre,
o nome dele não.
O tempo escorre, mas
dias não são em vão.
Valei-me São jorge falai por mim.


Lunar

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A desinvenção do clown

No dia em que eu me desinventei desembestei pairando por aí.
Fui no vento vindo.
Louco como os poucos que se aventuram sem escudos.
Corajoso como os tantos que se trajam clown.
De alma exposta sem medir respostas
brincando e mudando mundos.
Colorindo os olhos dos quantos que se encontram mal.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A lua iluminando a cena

Um gaudério um pingo e um cusco.
A lua, sorrindo num quarto crescente, iluminava a cena.
A barra vermelha quase morta no horizonte,
Os grilos e sapos marcavam a música no campo.
Não fosse uma perdiz levantar de susto,
pareciam estar sozinhos sob o céu da pampa.
O homem o pingo e o cusco.
O violão atravessado nas costas,
tira do gaucho o ar severo que o frio le confere à face.
No pensamento,
a lembrança da amada e do perfume daquela trança que tanto o enfeitiça.
O cheiro de lenha queimando e a cachorrada acuando ao longe, prenunciam estar perto das casa.
O coração do cuera,
que não faz causo nem com a lida bruta do campeiro,
dispara.
Fazendo o homem rude sentir-se alvorotado embaixo do pala.
E já pensa um verso novo pra prenda, que de certo tá esperando.
Uma mulita cruza o pasto na frente do cavalo.
O último Tcharrã grita num cincerro no manancial acerca.
E lá vão os três.
No bate casco sereno do cavalo.
A lua iluminado a cena.

LUNAR

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A torre da lua

A lenha chiando no fogão,
a lua iluminando as telhas,
e a velha saudade de ti.
O mate acompanha a solidão,
que quase me mata à noite,
fazendo o pensamento vagar.
A torre da casa me convém.
é la que ela me convida pra voar.
Queria entrar em transe
transando à tarde no sofá.
Entrar à noite em uma nave eu queria
te levar.
Só pra te mostrar as nuvens
e te deixar lá.
Junto a mim
nosso sono bom.
Minha alma e a tua
na torre da lua.
Na torre da lua.

Lunar

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Com nectar

Bem que eu podia ser uma abelha, amor
pra me conectar com o néctar da flor.

Como o sol vou renascer de madrugada
quando eu ver sorrir o rosto de minha esperada.
Feito uma flor ela vai se abrir e
tem um dom que só ela tem.
Ela sempre vem mais linda que eu esperava.


Bem que eu podia ser uma abelha, amor
pra me conectar com o néctar da flor.

Lunar

terça-feira, 3 de maio de 2011

Mais juntos do que nunca para sempre

Deixa assim, vamos viver naturalmente sem nós dois.
Arrebentando as correntes dos navios.
Navegar na verdade é precioso demais pra ser triste.
Deixa ser, deixa que brote livre a nossa paz.
Que se desatem leves os nossos nós.
Na verdade a virtude é uma jóia e nos pertence.
Deixa então, deixa brilhar a luz nessa união.
Não é o fim de tudo é apenas recomeço.
Deixa estar, o que virá pra nós será muito bom.
Estaremos em caminhos diferentes, mas
mais juntos do que nunca para sempre.

LUNAR

sexta-feira, 8 de abril de 2011

corações de areia

Corações de areia
escorrem das minhas mãos
como quem derrama um pranto
ou derruba um prato pronto
no chão
sei que eu não vou poder te segurar
areia fina é assim
sei que não vou voltar no tempo
mas posso mudar o fim

Lunar

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Na vida tudo muda, até a bermuda

Na vida tudo muda,
até a bermuda.
A moda muda.
O modo muda.
O molde muda.
A muda muda e nisso vira flor.
A vida é das mudanças.
As crianças mudam, crescem e sentem medo.
E o medo muda.
Porque o mundo muda.
Sempre.
Tem outro exemplo, mestre, contemplai:
Até o amor que é como um templo
com o tempo muda.
Porque o tempo muda o tempo todo, e por aí vai
mudando e mudando, assim no más.
Só digo se um dia isso também muda
e tudo resolve parar de mudar.
Ficaremos ali estaquiados
sem saber por onde recomeçar.
Mas certos do amor imutável.
O amor que não acaba mais.

Lunar

domingo, 20 de março de 2011

Para a Vênus


Eu vi
na Via Láctea
a nave que me via.

Lá vai
Vênus de Milo
no véu da noite.

Lunar

sábado, 12 de março de 2011

Olho de gata

Ela bagunçou o meu coreto.
Me deixou em confusão.
Ela levou o meu sossego.
desfuncionou meu coração.

Ela tem o brilho na sombra.
Ela tem os cílios de onça.
Ela tem o olho de gata.
Ela tem o corpo de moça.

E quando ela passa eu acho muito massa,
e é só ela que tem graça,
e é só ela que tem graça.
E quando ela veio e me acertou em cheio.
E eu caía em devaneio
e eu caía em devaneio

Ela bagunçou o meu coreto.
Balançou meu coração.
Ela descompassou o meu sossego.
me deixou em convulsão.

Ela tem o brilho na sombra.
Ela tem os cílios de onça.
Ela tem o olho de gata.
Ela tem o corpo de moça.

E quando ela passa eu acho muito massa,
e é só ela que tem graça,
e é só ela que tem graça.
E quando ela veio e me acertou em cheio.
E eu caía em devaneio
e eu caía em devaneio

Lunar

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Máquinahipercomplexainexplicável.

Agradeço aos meus braços pois eles me permitem erguer meus dias pesados.
Aos meus passos, que me levam ao fim das infinitas trilhas que traço.
Aos meus olhos que me permitem enxergar mesmo sonhando.
Ao meu sopro que alivia minha pele queimada.
Ao meus dentes que contam a minha idade.
A minha pele que se bronzeia.
A minha tosse que me cura.
Ao meu orgasmo que me vicia e me norteia.
Ao me coração que me esquenta.
Ao meu bocejo que me desperta quando estou com medo.
As minhas garras que me defendem.
A audição que me proporciona as delícias da música.
A minha mente que luta sempre por estar livre.
Ao meu completo que se sobressai e me traduz.
Máquinahipercomplexainexplicável.
Meu mais valioso bem


Lunar

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cashmere

Quando eu te tocar,
sob a luz do abajur,
e sentir o cashmere da tua pele
vou me entregar de vez.
Voltar a viver.

Quando eu te encontrar,
sob a luz de um Aznavour,
e matar a minha fome em tua carne
vou me entregar a voz.
Voltar à vida.

Quando eu encostar
a minha tez no teu calor,
e matar em tua boca a minha sede
vou me entregar por bem.
Deixar de lutar.


Lunar

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Chuvarada

Molha a calçada e as ruas.
Olha pras mulheres nuas.
Que sonham com o teu banho chuva.
Quando as ruas vieres molhar.

Molha a mão de quem planta.
Abençoa a voz do cantor.
Atordoa com a tua tormenta.
Garoa e me faz dormir

Chora céu cinza de dores.
Clara chorava também.
Tão bem que ninguém notava
as chuvas do ano que vem.

Chuvas que vem por aí.
Chuvas que vem pra florir.
Olha pra olhos do povo.
Pro medo da inundação.
Olha poro rio nas ruas.
Pra casa de barro do João.

Chove chuvarada, chuva dará pão.
Chove chuvarada, chuva inundará.

Lunar(1994)

O misturador de ideias

Eu não inventei nada eu só
me adaptei ao mundo teu.
Misturador de ideias, crenças e costumes,
sou eu.
Uma junção de povos, raças e etnias. Sou eu.
Liquidificador do denso caldo da cultura,
eu.
Eu nunca criei nada
inverto a ordem das ações.
Invento apenas uma ponte que une
as informações.

Redemoinho de gametas férteis.
Minhas ideias são cometas.

Shake baby, shake baby, shake pra inventar.
Mistura bem essa mistura.
Pode crê que tu cria.


Lunar