terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ah, se fosse

Se a solidão não doesse
E a distância não matasse.
Se a vontade não mordesse
E a saudade não varasse.
Se o meu peito não ardesse
e minha boca não secasse.
Se meu desejo merecesse
e tudo enfim eu arrumasse.
Eu te trazia pra bem perto.
Pra que a gente se queresse.
Pra que a gente se amasse.

Lunar

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

para a moça


Eu queria ser bonito,
tão bonito quanto ela,
pra que ela me olhasse 
como eu olho o olho dela.
Mas bonito assim bonito,
tipo moço de novela.
Pra que ela assim dançasse
Feito a chama de uma vela.
Pra que então me iluminasse
com um beijo de donzela.
E eu então imaginasse
uma seda o toque nela.
E minha boca abocanhasse
alma e boca como a pétala
de uma flor que se comesse,
devagar, divina e bela.
Lunar

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

lapsos do tempo

Tem vezes q a vida nos cobra a dura pena do tempo.
Mas quando a alma é serena e eleva-se o pensamento,
nos damos conta de um ponto.
Sim, somos seres efêmeros, mas ávidos por contentamento.
Andemos então o caminho, mas aproveitando o momento. 
Pra que a vida se vá, mas que não fique o lamento.
Lunar

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A saudade que não cura

A saudade não se cura
na secura da cidade.
É sede de água pura.
É pura necessidade.

É que a saudade não cura
na loucura da cidade.
É quando o cara procura.
Procura saciedade.

É que a saudade não cura.

É que a saudade é tontura
na zoeira da cidade.
É pedra em água dura.
É dura realidade.

É que a saudade é loucura
na tortura da cidade.
É quando o traço fissura.
Fissura por sanidade.

É que a cidade tortura.

LUNARTV

sexta-feira, 29 de abril de 2016

O poema das mil palavras

Uma imagem vale mais que mil palavras.
Um poema vale mais que mil imagens.
Um oásis vale mais que mil miragens.
Uma verdade vale mais que mil dilemas.

Uma virtude vale mais que mil poemas.
Um amor vale mais que mil virtudes.
Uma ideia vale mais que mil quietudes.
Um silêncio fala mais que mil fonemas.

Uma miragem vale mais que mil nadas.
Um nada vale mais que mil escuros.
Um par de asas vale mais que mil muros.
Uma caneta vale mais que mil adagas.

Um achares vale mais que mil não saberes.
Um perguntares vale mais que mil tesouros.
Um sonhares vale mais que mil mundos.
Um responderes vale mais que isso tudo.


Lunar.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Lar doce mar



      

As duas pombas do casarão
revelam de onde eu sou.
Onde eu venho desde pequeno.
Onde eu tenho como destino
uma praia do sul.

Vem de alto mar.
Pobre Altair.
Encantado por uma sereia
veio morrer na beira
da praia mais longa do mundo.

No terminal
duna e flor.
Na areia o Tuco Tuco.
Na água salta um boto
solteiro em busca de amor.

Lagoa verde.
Menina dos olhos.
Lembro dos fins de tarde.
Quando o sal da onda arde
junto às pedras dos molhes.

A antiga estação
da avenida Rio Grande.
Ao cair a noite estrelada
pra encontrar minha namorada
meu coração vai sair.

De noite a água brilha numa onda.
A esteira da lua ilumina Iemanjá.
A praia de prata à noite se apronta
e fica dourada durante o dia.
Eu sigo na velha Villa Sequeira,
pois é cassinera minha sina.
É onde eu venho desde menino.
Esse é o Cassino meu lar doce mar.

LUNAR

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O presépio

Vai renascer Jesus menino
E eu quase q não cri.
Pois está tudo nesta estória
Que vos conto bem aqui.
Governava o rei Herodes,
E pelo que entendi
Ele mandou passar na faca
quem nascesse por ali.
E barriguda ia Maria
com José logo a fugir.
Não era esse o destino
Não podiam desistir.
E se mandaram campo afora
Foram quase até cair.
Mas acharam um galpãozinho,
Já chegadita a parir.
Uma vaca, umas ovelhas,
Galinhas e um bem-te-vi.
E formava se o presépio.
Santa fé pra encobrir.
Força Maria, tá na hora.
Nosso filho está por vir.
Força! Coragem agora!
Nasceu, Maria!! É um guri!!!
E Maria deu a luz,
E outra estória vem aí.
O nome dele era Jesus.
E eu quase que não cri.

Lunar.