terça-feira, 7 de dezembro de 2010

I dont speak

I never say who i am.
I never say my simple plane.
because i dont speak.
I never say the best thing for me.
I never say my walkway is free.
because i dont speak.
I never say my life is easy.
I never showed my dictionary.
because i dont speak.
no i dont.
I never talk to anyone.
I never say who is my love.
I never say i want her kisses in clouse-up.
because i dont speak.
I never say im not alone.
I never talk about my clone.
because i never speak
I never say my life is out the jail.
I never say my day by day is not fail.
no i dont.
because i dont speak in my dreams.

Lunar

sábado, 27 de novembro de 2010

Tamos aí na peleia

Tamos aí na peleia, mano.
E tu creia ou não creia ainda estamos vivos.
Certos que erramos, mas com malandragem na veia.
Escravos sempre do nosso único compromisso.
Sobreviver dia a dia, tiro após tiro.
E tendo ainda assim que mostrar um sorriso.
Desmontando monstros é como eu me viro.
E quando eu não dou conta conto com os amigos.
Pai e mãe, irmãos. Mulher e filhos.
São o meu sermão, são o meu brilho.
Tamos aí na briga, na obriga de continuar.
Sobe o morro e desce o morro e mais um dia tá lá.
Um sistema viciado pronto pra me derrubar.
Pode ser que ele consiga, mas eu caio em pé.
O guerreiro que é guerreiro sabe como é que é.
Num dia tá foda no outro cai do céu
um bilhete premiado do papai noel.
Nesse ano pode ser que eu tenha mais.
Pra viver sossegado, pra trabalhar em paz.
Se não vem, não dá nada, estamos acostumados.
Construir um futuro bom é lutar pelo nosso passado.
Tamos aí na peleia, mano, dançando sobre os destroços.
somos bons, bota fé, não vão ver nossos ossos.
Somos livres e entendemos que o caminho é o bem.
Mas se vem contra nós não vamos ter remorsos.
Venha vida, vem que tem, vem com tudo.
O nosso escudo é o estudo, estamos muito bem.
Tamos aí na peleia. Somos queixo duro.
Pode crê, tá seguro, fortes como ninguém.




Lunar

domingo, 21 de novembro de 2010

Os filhos do crack

Rótulos, royalties, rixas, rachas e papagaiadas em Brasília.
Salafrários fedendo à sacanagem ,fodendo as nossas cartas montados em salários exorbitantes.
Rodeios inventados por pobres exibicionistas que tentam se equivaler a potros e touros endemoniados.
Maquetes tochas, toscas, quixotescas; grotescas engenharias Talebãs.
Manchetes cínicas a vender notícias viciadas sobre os isqueiros do crack.
Mortos vivos presos entre a pedra e a aflição das famílias chocadas com a própria falta de limites.
A volta dos que nem foram?
A bolsa craqueada.
Computadores craqueados.
A fobia dos putos que odeiam putos e putas e negros e minorias indefesas.
O pior cego é aquele que não quer ser.
Um ensaio sobre a cegueira?
Árvores derrubadas à toa para suprir a confecção de caixões usados para devorar os auto massacres dos fins de semana.
Kamikazes?
Camisetas de auto ajuda vestidas sobre corações rancorosos.
A simplicidade esquecida em um canto onde monges e ambientalistas meditam soluções.
Convulsões, comoções continentais.
Pêsames, pesares.
Pesadelos prenhos.
Barack Obamas engessados promovendo a crise mundial; alimentando a chama dela com zilhões de dólares invisíveis.
Jovens férteis transformados em lobos propulsores do consumo desatinado, lutando ávidos por mais e mais metal.
Promovendo um curso de desenvolvimento condenado. Osteoporótico.
Calotes consignados, monitorados por sorros e caranchos.
Um prognóstico sombrio.
Rins, fígados, corações e córneas desperdiçados em explosões ou em gavetas de cemitério, enquanto o médico que poderia salvar a tua pele morre à espera de um transplante.
Gerações futuras acorrentado camas a corpos sem alma, batizados de filhos do crack, ou talvez de algo pior que ainda nem nasceu.

LUNAR

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A serviço da arte

Insights instintivos
a serviço da arte.
Instintos inventivos
a serviço do som.
Inventos improváveis
a serviço da arte.
Feitos impossíveis
a serviço do sonho.
Sem saber que era impossível ele foi lá e fez.
Sem parar pra ver se era difícil, ele fez.


Lunar

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

sensações

Sensações, tentações a perder de vista.
Sensações, tentáculos irresitíveis.
Aprender com a vida.

Um mosquito poliniza a flor do cacau,
que te dá o chocolate.
O morcego poliniza à noite e te dá
a proeza da vida vegetal.

Sensações, tentações a perder de vista.
Sensações, tentáculos irresitíveis.
Aprender com a vida.

A flor aberta exala sexo e com ela
a moça enfeita o cabelo.
O beija flor namora voando parado enquanto nós
paralizamos durante o clímax carnal.

Sensações, tentações a perder d vista.
Sensações, tentáculos irresitíveis.
Aprender com a vida.


Lunar(letra) e Beto Federal(música)

O dia da criança

Era uma vez um cara que não queria deixar de ser criança. Já aos 34 anos, trabalhava duro, se sentia tão cansado que não sabia direito de sua vida, nem mesmo que nunca quis crescer. Tinha mãe e pai saudáveis, tinha uma avó forte e muito viva, irmãos dos quais se orgulhava, tinha carro e casa, mas parecia que algo ainda estava faltando. Como um sentimento de estar esquecendo alguma coisa. Uma espécie de inquietação. Um vazio remoto que sismava em aparecer de vez em quando.
Foi num dia de sol, no meio de uma festa que ocorria durante a tarde, que recebeu um telefonema de seu irmão do meio, com a voz afoita, dizendo-lhe uma coisa improvável: Estava no jornal, na folha do estado, uma reportagem que se tratava do melhor amigo da infância dele, que sumira já havia 25 anos.
Na hora o cara ficou surpreso, um pouco incrédulo, pois poderia tratar- se de outra pessoa. Ao comprar a edição do periódico, confirmou. Não só o amigo havia reaparecido, mas aquele guri, que ele próprio foi um dia, reviveu instantaneamente. Um pequeno homenzinho que inventa os jeitos mais criativos pra construir as coisas que não tinha. Carros de lata, reboques de caixa de goiabada, pernas de gigante, asas delta de isopor, cidades de sucata, capas de toalha de banho para sobrevoar o pátio. A tampa de margarina no aro da bicicleta a transformava numa moto. O polo norte era dentro do freezer da geladeira. Cães viravam leões e cavalos, balões viravam bombas destruidoras de inimigos. Canos eram lunetas, e térmicas velhas eram tubos de oxigênio para os mergulhos impossíveis do 007. Tem muito mais. Ossos de galinha são esqueletos de piratas, as cocotas são seus papagaios no ombro. Os arcos e flechas de butiazeiro eram armas de verdade. Zarabatanas de caneta, carrinhos de lomba são baratas de corrida. Máscaras do Homem Aranha de rede de bergamota , as do Batman eram de raio x recortado. Nossos brinquedos eram legais, mas inventá-los era melhor ainda.
Foi então que esse homem viu, que escrevendo esse texto, não recordava de alguns desses brinquedos da infância, viu então que estava inventando, que estava brincando novamente aos escrever, coisa que já havia esquecido.
O ato de brincar é pura e simplesmente um exercício. Uma necessidade de aprendizado. Um simulador das experiências, assim como os sonhos. Ser criança é um exercício diário, que poderia ser normal ao adulto, não fosse a gente achar que já sabe tudo depois que cresce. Perdemos a vontade de criar quando esquecemos que estamos crescendo todos os dias da nossa vida.

Feliz dia das crianças a todas as pessoas que não perdem a vontade de crescer nunca.
Valeu por ter aparecido de novo, meu grande amigo.
Neste dia da criança brinque um pouco.



Lunar

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Poema sobre o céu

Já que eu não posso tê-la,
deixe ao menos eu te dar a minha lua de papel.
Como eu não posso entendê-la,
deixe ao menos eu cantar o meu poema sobre o céu

Eu não vou mais voltar, Gaivota.
Eu não vou mais voltar.
Eu não vou mais voltar, Gaivota.
Eu não voo mais.

Já que não posso esquecê-la,
deixe ao menos eu usar as minhas asas de papel.
Como eu não posso dar-te estrelas,
deixe ao menos eu cantar o meu poema sobre o céu.


Eu não vou mais voltar, Gaivota.
Eu não vou mais voltar.
Eu não vou mais voltar, Gaivota.
Eu não voo mais.


Lunar

sábado, 18 de setembro de 2010

Borboletras


As palavras são como as lagartas, encasulam-se em nossos pensamentos, e depois de prontas, saem borboleteando por aí. Evolan-se e vão a polinizar as mentes e colorir nossas pupilas.


Lunar

sábado, 11 de setembro de 2010

Wuauwa de la Pacha Mama


Mamé en el pecho de la Pacha Mama.
La leche, energia que traigo de los pasos que caminé.
Que traigo del aroma y de la luz de la selva alta.
De los nevados que me miram siempre imponentes de su casa en el cielo.
De mi corazón disparado y mys ojos mojados por la altitud y por la fuerza de las mestizas cargando sus hijos, wuawas, en la espalda.
De los colores del poncho andino.
De la música andina.
De la coca que me adormece la boca, pero desperta my cerebro y me hace fuerte.
De la hospitalidad cuzqueña.
Del tren que viaja hermanado con el rio.
De la sabiduria de la culebra(Amaru).
De la fuerza del puma.
De la paz del cóndor.
Del Sol que me encendió los ojos como hace el oro de los Inkas.
La leche que me há hecho buscar, no lá ciudad perdida,
pero la ciudad encontrada de Machu Picchu.


Lunar

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O cristal

Agora não, agora estou no meu cristal.
Estou intretido com meus pensamentos, minhas ideias.
É só aqui que eu consigo isso.
Aqui estou imune aos horrores da vida.
Depois eu vou e mato o leão nosso de cada dia.
Agora não.
Agora estou aqui quieto. Imerso em mim, Imenso mar.
Aqui sou Vênus sou Marte. Sou nuvem que parte pra qualquer parte.
Sei lá, Xangrilá.
Aqui me recarrego, rego as plantas, ouço um reggae.
Os instrumentos estão impecavelmente afinados em meus ouvidos. Acordes raros.
Aqui escuto poemas que fazem eu me tornar uma pessoa melhor.
Aqui tenho a cama que eu escolher, posso querer a mulher que eu quiser.
Uma tarde fria num sábado ensolarado no inverno, no Cassino.
As velhinhas passeam nas suas tricicletas com seus cabelos de algodão.
Uma andorinha preta e branca risca a poça d'água azul e quebra o espelho do céu com uma bicada.
Agora nenhuma criança chora, nenhum telefone toca. Não há gripes.
Aqui há clima, aqui há climax.
Golondrinas, picaflores, amapolas; neurônios férteis.
Nessa terra de gigantes, que trocam vidas por refrigerantes.
Me deixem.
Daqui há pouco eu vou.



LUNAR

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Mi maior de gavetão


Nego véio gaiteiro, já quase meio cansado, cada vez mais inspirado, faz o meu olho brilhar.
De tão bem tocada essa gaita os acordes parecem falar.
Encanta-se assim o Lunar, também com tanta franqueza.
Cada acorde é uma pureza, cada gesto é poesia pro artista interpretar.
Nego véio da gaita, já quase meio parando, me deixas assim a pensar.
És um véio tão apaixonado que não consegues mais parar.
E então vai assim devagar.
Devagar quase pairando.
E os olhares hipnotizando, e a gaita velha a chorar.


Poesia de Lunar e pintura de Edmundo Rodrigues ( Mi maior de gavetão )

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ave marinha


Ave marinha,
cheia de Garça,
o Talhamar é convosco,
Benedito e Albatroz entre os melhores.
Bendito é o ovo em vosso ventre,
Larus.
Salve Andorinha e Mergulhões,
voai por nós Martins Pescadores,
Atobá e Gaivota que sejam fortes.
Pinguim.


Poema de Lunar e arte de Wagner passos

sábado, 31 de julho de 2010

Vanguardero sul real

Meti o pé na porta me tornando imprevisível,
era ela a Vanguarda, esperando irresistível.
Pernas lindas, pés no salto e uma boca exuberante,
infinitos universos se fundindo num instante.
Inacreditáveis formas de beleza, inusitada dimensão.
Novidades turbinadas de idéias e paixão.
Malucas trovas impensadas, instrumentos novos de som.
Véio e moço aliados nessa nova conjunção.
A função tão caricata quanto à cópia, ampliação.
Um mundo náutico de viagens relampiantes, o sarau da invenção.
Não há fórmulas concretas só firulas e fusão.
O descompasso da invenção que se desata, confiante confusão.
Quem é bom, já na paisagem, se destaca; tudo é observação.
Sejamos a Vanguarda então.
Para mim aparentada, para ti aparição.
Para a mente estupefata, puramente inspiração.
A experimentação que se abstrai na forma exata.
Criatura e criação.


LUNAR

Pantera

Eu só a via quando havia raios em meio àquela tormenta.
Os clarões mostravam-na completa.
Uma Pantera Negra na escuridão Nefasta.
A boca carnuda e exata e os olhos parados em mim.
E sumia e voltava em meio aos flashs naquela escura mata.
E eu ali: cego e claro, cego e claro. E claro, totalmente cego.
Em prata, somente a silhueta sinuosa daquela fera gata.
Só se ouvia chuva e trovão e as patas dessa felina preta, que mansa se aproximava quieta.
E eu ali, cego e cru.
Com o perfume daquela mulata tão perto agora, que me decapta.
E então, na carne do meu pescoço nu
a língua dela vai se passando aflita.
E um arrepio inevitável me salta pela espinha intacta.
Os meus olhos se fecham cercados por uma sombra vasta.
Me clareia um corisco.
Um disco iluminado voando numa transa hasta.

Lunar

Poema exposto

Não penses tu que um dia saberás dos meus segredos.
Meus desenhos abstratos são pedras mudas.
Meu semblante é incógnito, não muda nunca para não despertar nem a mínima dúvida.
Os discos que ando ouvindo são tempestades cerebrais de autores divagantes.
Mas meus secretos pensamentos estão lá.
discretos.
descrentes.
Atônitos perante à tua distância intercontinentina de poucas quadras e alguns degraus.
Nem sob tortura imensa, nem mesmo no intenso calor do amor.
Nem que tu dissesses por favor, eu te diria tudo isso.
Nem que lesses o meu poema exposto.
Nem assim.

LUNAR

Uruguay

Levo o meu violão na mente,
e me bandeio para o lado de lá,
neste continente.
Neste tempo impaciente e tão distante,
eu me reconheço em tanta gente,
neste instante.
Levo o meu mundo sob meu chapéu, imortal.
E as ideias eu transformo em poemas castelhanos.
Trago poesias em meu violão,
e um sorriso vivo no semblante.
Sigo na pampa adiante e através,
tal como fez aquele tal poeta errante.
Navego livre pelo meu quintal.
e assim te comprimento hermanamente.

i suerte siempre y que no le piquem los mosquitos !
¡ y te cuida hombre aranha !


¡ Lunar !

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Nosso teorema

Já é a segunda quinta que não nos vemos
e não esqueci nem a sexta parte do nosso teorema.
Tua geometria me pulsa a cada fração de tempo,
tangendo meus instintos levemente.
Nossa equação é complicada e demorada,
mas se não tem resposta, porque teria sido postulada?
O tempo expõe os ossos dos problemas mais difíceis
e já me vem o fio certo deste novelo.
Desta novela de corpos e espaços vazios.
Elétron e próton é o que somos,
E a matéria vira energia.
E o mundo gira,
mas nada é em vão.

Lunar

A primeira estrela

antes do animal.
antes do vegetal.
havia uma estrela.
antes do marginal.
antes do policial.
havia uma estrela.
antes do sonhador.
antes do inventor.
havia uma estrela
antes do clérico.
antes do inquisitor.
havia uma estrela.
antes do músculo.
antes do cérebro.
havia uma estrela.
antes do bêbado.
antes do lúcido.
havia uma estrela.
antes de lúcifer.
antes de do mal chegar.
havia uma estrela.
antes do mar se abrir.
antes de cristo.
havia uma estrela.
antes do gato astuto.
antes do susto do rato.
antes da primeira estrela se acender.
mesmo antes de alguém vê-la.
eu já a via em meu poema.

lunar

A PEDRA LUNAR

Foi por aí que eu me vi, nas ruas de Bagé, eu quase cresci.
Pedra da lua eu não vi, um presente do general, eu quase esqueci.
Auxiliadora aprendi, uma vela na janela, amigos eu tive.
São Sebastião me falou das estátuas do cemitério, dos tigres do forte.
Vi os meus sonhos voarem nas pandorgas do meu avô.
Eu vi crescer por aqui a nova colônia alemã, vi negros e árabes.
Bárbaros santos eu vi, no batalha bailavam sempre. Eu não pude ir.
Fui nas carreiras do prado, nos balaços da catedral, na casa do Príncipe.
Foi lá No 15, ou na 7, ou no passo do 11, ou no 93.
Que eu vi brotar as raízes dos índios abagualados.
A conquistadora.
A pedra da lua.
Pode-se tirar um guri de Bagé, mas nunca se pode tirar Bagé de dentro dele.

Lunar

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Andarilho Supertremp

Venho de outro século pra tomar um mate verde.
Para te ensinar e aprender contigo.
O que realmente vale a pena é o poder de fazer amigos.
Um vampiro puro, páreo duro, dono de um império antigo.
Um disco velho que diz coisas do futuro.
Eu já sei de tudo e não carrego mais o medo.
O presente acontecendo é um presente bem melhor que tudo.
Quero estar na terceira idade no primeiro mundo.
Um farrapo em pé e ereto, velho andarilho.
Tendo um filho índio indo em busca do própio rumo.
O poder da teia natureza.
Veia das ideias geniais.
Viva os novos velhos eco ideais.
Luzemberger, luz sem sombra e muito mais.
Campos férteis, feromônios e bons astrais.

Lunar

Mulher Brasil

Exótica
Erótica
Sensual
Ninfa ninfomaníaca
Uma máquina sexual
Tem cheiro de fruta
Tempero sex apeal
Tem olhos de neon
Mulher Brasil
Toda lapidada
Toda depilada
Brazilian girl
Uma jóia cara
Pura Marinara
Mora no Rio
Dá para o plebeu que nunca viu
Mostra na Playboy um corpo farto um cérebro vazio.
Curte o baile funk sem nexo, sem calcinha.
Sai no carnaval com tapa sexo.
É rainha.

O perdão dos Beatles

O Papa perdoou os Beatles,
mas eles não estão nem aí.
Se o Google sabe de tudo,
penguntem-no o que está por vir.

Lenom e Harrison estavam no inferno.
Será que passaram pro céu?
Ou será que o Papa não manda nada?
Assim como você e eu.

Admirável novo mundo de novo,
visto do computador.

Perguntem ao Google:
Os Beatles serão beatificados
ou o Papa será beatleficado?

Lunar

Amor sincero

Não me venhas falar de amor
depois que eu fui abandonado na lua.
Não me temas,
não tenhas medo de minha casca dura.
Não estou contigo porque és simplesmente linda,
ou muito menos, pura.
Ser sozinho seria demais pra mim,
Teria tortura.
Cedo ou tarde eu me apaixonaria.
Quando eu conhecesse a tua bruxaria,
a tua loucura.
Só não me finjo de cawboy,
de galã do hollywood.
Tenho os meus pés no chão,
uso o meu chapéu na chuva.
Mas te digo com certeza.
Eu fui Peter Pan enquanto pude.
Meu sincero amor é teu,
mas meu resto ainda é rude.

Lunar

A crônica tônica

Meu celular estragou há alguns meses. Fui à agência de minha operadora, onde fui atendido por uma atenciosa e muito bem produzida moça. Parecia aquelas de bolo vivo, sabe? Pois é. Escolhi um aparelho incrível! Tinha tudo! Passava café, esticava arame e até benzia. Pena é que eu nunca sei mexer nos meus celulares. Na hora a guria me explicou:
-Com as vantagens que o senhor já adquiriu utilizando nossos serviços, este aparelho fica tri barato. Só cinco vezes de bzzz, e chegou perto e soprou em meu ouvido.
-Tá muito bom mesmo! Respondi:
- Vou levar de fato! Pensei ainda, aproveito e mudo meu plano a fim de economizar. Pedi à ela que diminuísse o limite de minutos de minha conta. Foi então que ela olhou no sistema, com muito rímel e lápis e base; e com aquela voz macia, disse:
- mas o senhor sempre ultrapassa o seu limite de minutos do mês, senhor. Respondi imediatamente:
-O Senhor está no céu.
-Pois bem, tenho que ligar menos então;
-Tens telefone? Ela riu, fez uma carinha de "Ah se eu não tivesse trabalhando..." . E tá. Fui embora felizdavida com meu celularzinho novo e minha nova amizade. Óbvio, depois de assinar mil contratos.
Só aí foi que algo intrigou-me. Era muita maquiagem. Parecia a Amy Wynehouse, só que lúcida. Então, chegando em casa, revisei minha conta e, pasmem senhores. Fui ludibriado como um marreca. Eu usava menos minutos que o concedido por meu plano. Havia recém assinado o tal de plano de fidelidade e, pra rescindir o contrato, só pagando multa ou esperando um ano. Um aninho só, de trezentos e sessenta e cinco dias. Já pensou! Que cadeado.
É, amigo! Não caia nessa roubada de plano de fidelidade. A mulher é a loba do homem. Olho "vivo". Não deixe qualquer "oi" te seduzir , e "claro", saiba de tudo tim tim por tim “tim”

Leonardo Bulcão

Quem faz o som?


Olha se não me engano
o velho Hermeto mostrou.
O som sai da tua cabeça.
E não do violão que calou.
Não é da cabaça que sai o som.
Não, não é do pistom.
Também não é do berimbau.
Não é do oboé.
Não é do cajón.
Nem é do cavaco, nem da batera, nem da cuica.
É de dentro da cuca que sai o som.
Não é do piano ou da tuba, não é da muringa ou do bandoneon.
Não é da caxeta que sai o som.
É da tua caxola, da tua ideia, da tua cultura é que vem o bom.
Também não é do zabumba nem do triângulo.
Nem do pandeiro que faz frisson.
Nem é da rabeca, nem é da palheta do saxofon.
Não é do baixo, não é do alto.
Não é do acordeon.
É a tua viajem, é o teu improviso que conta os tons.
O teu pensamento é que faz o som.
E não adianta, não tem solução.
Não é o instrumento.
É o teu movimento no exato momento que faz o som.
É a tua paixão.



Lunar

POA, na boa.

Há pouco tempo que ando nas ruas de POA, e pá.
Vi um homem invisível deitado em meio a trapos numa esquina.
Ele mal respirava.
Não sei se vivo, não sei se morro.
Ninguém o via, mas ele realmente estava lá.
POA, na boa: Teus grafites falam de amor.
Mas os teus riscos são absurdos.
Os teus ricos não me soam bem.
Os teus únicos gritos são buzinadas para surdos em meio ao tráfego de droga.
Teu remédio faliu.
Teu remendo caiu.
Teu mendigo sumiu.
Bem na tua frente.
E eu?
Roubei um beijo e parti.

Lunar

Samba pra não chorar

Quando não se esquece um grande amor, Amor.
E as horas parecem não passar.
Um coração puro, para em apuros,
e faz um samba pra não chorar.
Quando não se esquece um grande amor, Amor.
E as horas parecem não passar.
Um coração duro para inseguro.
E faz um samba pra não chorar.

Pede pra que seja só de passagem.
Uma miragem que quer esquecer.
E bebe pra esquecer o desejo.
E faz um harpejo que é pra não morrer.

Pede pra seja só recaída.
Pra que siga a vida sem ilusão.
E bebe pra encontrar a saída.
E paira em pura inspiração.
E paira em pura inspiração.

Lunar

Politicamente poeta

Alerto que, pelo caminho, pode haver pequenos erros,
grandes negócios e meias verdades.
Meias furadas.
Frases de efeito, muros elétricos e rock&roll.
Ciclones extra tropicais,
Zepelins e viagens inesperadamente ácidas.
Sonhos bons.
Festivais malhados.
Beijos molhados e garotas afins.
Poluições globais e badernas.
Esquerdas centralizadas e direitas tortas.
Politicagens patéticas, filhas das púticas e palavrões.
Pataquadas.
Paradigmas.
Teoremas mirabolantes bolados por um bem bolado acaso.
Calculadoras atômicas.
Relógios de sol.
Perfumes.
Feromônios.
Ratoeiras.
Uma Super Nova, uma super-moça.
Sexo quântico, física tântrica e vice-versa.
E versa-vice.
E etc...
E tal.
Sementes piratas,
Parques do Mickey, Mac Donald’s e outras assombrações.
Aposto que pelo caminho pode haver rítmos e contrações involuntárias aceleradas.
Carnavais.
Insites sobre o futuro.
Amores de camelô.
Deja vus.
Máquinas de debulhar milho automáticas.
Gols, pênaltis perdidos e cinema de final feliz.
Alerto que nada disso deverá te abalar realmente, mas se isso acontecer:
Sorria, você estará sendo filmado.
Sendo assim, politicamente poeta, o que te afeta não é o político.
O que te afeta não é o poeta.
O que te afeta é o teu afeto.

lunar

A noiva do navio


Altair, no iní­cio, não era triste.
Já faz tempo apaixonou-se pelo sorriso da mais linda donzela.
Arrumou coragem na timidez,
perfumou-se, ensaiou um verso e partiu ansioso ao
encontro da amada.

"Te pesso assim inocente,
um beijo de amor só pra mim.
Ou então, sendo mais indecente,
te amaria por toda uma noite,
mesmo uma noite sem fim."

Por milhas e milhas ele navegou seguindo a esteira alucinante daquela cabeleira.
Mal sabia ele que era em vão.
A moça, indiferente, não o via.
A mágoa logo tocaria o coração de nosso poeta errante.
Primeiro o isolamento.
Depois o silêncio dos eremitas.
O sal, o tempo, o vento e a mágoa.
Água salgada no metal.
A ferrugem que corrói a alma de quem se entrega à dor.
Ruindo aos poucos.
Até o fim.

Lunar

A mais rara

É claro, meu caro, que ela é a mais rara.
Licor de flor.
Flor de furta cor.
Corpo fonte de calor.
Já sei de cor a sua história.
Eu vi de cara o seu valor.
Fina flor.
Rima rica, fino traço.
Fruta nova.
E claro que não me engana o faro.
Ela tem um cheiro que me tara.
Ela tem um jeito que me para.
É claro, meu caro, que ela é a minha cara.

Lunar

Ano novo

Mais um fim de ano.
Mais um fim do mundo.
Mais uma vez refaço os planos.
Mais uma vez eu juro que mudo.
É assim que eu me reforço.
E nunca me desfaço todo.
Do passado, guardo sempre algum pedaço,
mas passo a limpo quase tudo.
Bem vindo, ano novo!
Me pegou desprevenido.
Tenhos sonhos e não posso contar muito contigo.
Mas é com garra que eu sigo.
é assim que tenho vivido.
Podes até ser ruim com conosco,
mas os teus manos mais velhos,
que pensavam nos ver foscos,
nos tornaram destemidos.


Lunar

O Riso do Caracol


Eis que um belo dia me sorriu um caracol.
Disse que pra mim sorria porque o dia era de sol.
Disse que não corria, mas que curte o carnaval.
Que gostou da minha guia de São Jorge a tiracol.
Logo após ele se ia, e eu saía do normal.
Com saudade do sorriso tão feliz tão natural.
E fiquei aqui sozinho passa lua e passa sol.
Lá vai ele, assim passeando, no seu passo habitual.
Não pode ser mais bonito o riso do caracol.


Lunar

Alto retrato

Olhos de anjo e cabelos de cachoeira.
A cara limpa e a risada deslavada.
Era assim que eu era.
Deflorador de donzelas espaciais.
Explorador de templos.
Conhecedor de grutas.
Caminhador de estradas vicinais.
Eu era de outra era.
Um cara de outra terra,um cara com outra cor.
Ansioso poeta.
Desastrado astrônomo profeta.
Lunático pintor.
Nascido sob a regência de gêmeos,
chicobuarqueano puxado pra Bob Dylan.
E só eu era igual a mim.
Vivi nos tempos da fera, fui forjado nos brilhos da glória.
E se não me falha a memória, eu vim mesmo foi lá de fora.
De fora da grande esfera.
Mas um dia o tempo impermanente,
assim como num repente,
fizera meu rumo variar.
E eu tive que ser tudo novamente,
pois era só na minha pele que eu queria morar.

Lunar.

Sinestesia

Papel de papel avesso.
Eu nunca me esqueço
dos nossos lençóis.
Eu penso no teu endereço.
Teu lenço de seda.
Teus seios de seda sedam o meu pensar.
Deus quis o nosso silêncio,
mas o fogo inquieta
e desperta o poeta,
que finge não te gostar.
Te ama infinito solito
o amor mais bonito,
que pode passar.
Que rima com cheiro verde
e acaba com Lunar.

Lunar.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O beijo; por Lunar

Existe o último e o primeiro.
Tem o beijo de namorado.
Existe o bem demorado
e tem o selinho ligeiro.
Tem o beijo atrás da igreja.
Tem o beijo no altar.
Existe o beijar por beijar. (ficar)
e o beijo de causar inveja.
O beijo singelo no coreto.
O beijo de desentupir pia.
O beijo por telefonia.
O beijo intenso do arreto.
O beijo da mulher aranha.
O beijo todo molhado.
O beijo da freira é pecado.
O melhor beijo é o de prima em cozinha.
Beijo da mãe e do filho.
Beijo do pai, beijo do vô, beijo da vó.
Beijo de borboleta, de coruja e de Esquimó;
De batom, de glóss e de brilho.
Beijo de coração.
Beijo da boca pra fora.
Beijo de quem tá chegando.
Beijo de quem vai embora.
Beijo de mocinho nela.
O beijo dela no bandido.
Há o beijo de novela
e há o beijo escondido.
Existe o beijo lacaio.
Existe o beijo de Judas.
Existe o beijo em que traio.
Existe o beijo em que ajudas.
Existe o chupão no portão.
Existe os três pra casar.
O beijo de língua em vão,
e a míngua de quem quer beijar.
Beijo na testa de boa noite.
Beijo roubado na quermesse.
Beijo que nunca se esquece.
Beijo na festa em boite.
Beijo na trave, beijoca e bejunda.
Beijo na rave na sexta feira.
Beijo na boca, na feira, segunda.
Enfim, o beijo é tão bom; mas com amor é ainda melhor.
O beijo é pedir uma benção e saber que não se está só.


LUNAR

Licença poética

Peço licença poética pra falar de coisas simples.
Peço licença pra métrica pra assassinar a gramática.
Pra não rimar, se for pra errar, mas se for pra ser feliz.
Peço de pronto à prática e caótica matemática.
Peço desculpas pra estética,
mas pra toda a problemática existe uma solucionática invenção.
Nem cataclísmica nem bombástica,
Nem lógica nem mágica.
Nem a suástica nem a budística
nem a pernóstica belatriz
vão impedir aquela máxima:
O importante é ser feliz.


LUNAR

Divino dom

Destraído dono do destino.
Domador dos dias.
Deus deveras destemido.
Detentor de dogmas.
Dominante déspota d'outra distante dinastia.
Derrepente, dissabor.
Desamor.
Despedida dolorosa.
Donzela divergiu do Dragão.
Divina Diva decidiu dividi-los.
Daquele dia deu-se desilusão.
Dali, desolado, dirigiu down.
Desd'então derramou dor.
Detonou dinamite.
Diamante duro delapidou.
Desesperado, degringolou.
Doou digno dote d'ouro.
Devolveram-lhe.
Desfecho desferiu dardos dormíferos direto dentro d'alma dele.
Descrente, deprimido, dormiu.
Desmaiou.
Dormiu demais.
Detalhe: Deitado?
D'aonde; deambulava dormente.
Derradeiro duende.
Desenganaram-lhe.
Deram-lhe dois dias.
Depois de descomunal demora, desencantou.
Determinou-se.
Dignificou-se.
Descobriu darma.
D'alma d'alva despertou.
Denominou-se Delfim Delmar.
Diluiu-se d'água.
Derramou dom.
Do desenrolar da Dama, demonstraram dúvida?
Descubram: Dizem, deleita-se dele.
Devolveram-se.
Delicada delícia.
Dois deuses dissolvendo-se docemente.
Dadivosamente.


Delfim Delmar Lunar.

Natureza primordial

Vidas vindas de outras vidas.
A natureza primordial se revela em cada detalhe da paisagem.
Vistas vistas de outras vidas.
A essência natural de cada um é a mesma.
A mesma das cachoeiras que escondem arco íris em dias sem sol.
A mesma do vento marinho que sopra teu cabelo e te arrepia.
A mesma da areia cintilante da praia do cassino.
A mesma que acelera teu coração ao perceberes a proximidade de um beijo.
A mesma que te seca a boca.
A mesma que te cega, e te extasia.
A energia que te encontra nos perfumes e sabores finos das flores e frutas.
No som das bandas, no chão de Lavras.
Nos eclipses, nos cometas, nas constelações.
Ter a certeza de continuar infinitamente imerso na continuidade da existência.
Desde os tempos sem início até os tempos sem fim.


Lunar