segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O samba do Nego fraco

Numa tarde de sol
lá no canavial.
Era Deus, o açoite, o trabalho.
Quase nada era bom.
Mas tinha sinhazinha
lá pelos dezesseis.
Ela vinha num passo rainha
e olhava pro Nêgo feito o Nêgo era rei.
Numa tarde de sol
Flor sozinha chegou.
Era quase um pecado pro Nêgo,
feito o Nêgo roubou.
Ela pôde ir,
mas ela ficou.
E se tem uma coisa, deus sabe é que o Nêgo é fraco.
Ela pôde ir
mas ela ficou.
Nêgo é fraco, seu Dotô.
Nêgo é fraco, seu Dotô.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Arlequim

Por eu ser de carne e osso
me apaixonei por ti.
Por tu seres de feitiço,
feito enfeite hippie.

Feito festa à fantasia.
A princesa Yasmim.
Feito lâmpada de gênio
e meu desejo de Aladim.

Por tu seres de novela
e eu ser só de pasquim.
Por seres bala perdida
só que tiro de festim.

Por tu seres a história
de uma lenda que ouvi.
Feito invento da memória,
fogo fátuo à noite.

Por tu seres o sereno
no botão que vai se abrir.
Por eu ser o passarinho
Beija flor que vi.

Por tu seres bailarina,
por eu ser um bailarim.
por tu seres Colombina,
por ser eu teu Arlequim.

Lunar



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nega



Nega, não nega que eu te queira.
Não queira que eu te negue, Nega.
Não faz do teu brinquedo o meu amor

Para, não ri assim na minha cara.
Nem finja que não me repara.
Não faz do meu carinho o teu bibelô.

Me beija,
joga-me assim no teu lençol.
Me coma em tua cama,
 mas não nega, Nega.
vem me pega ao bel prazer.

Te queixa,
mas deixa a tua coxa ao meu redor.
Encaixa-se de concha em mim
e deixa, Nega
o nosso mundo se acabar.

Vem, me enche de chamego, Nega,
Vem, me chama de teu Nego, Nega.
Não te nego
te entrega devagar.

Lunar  

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Quando se perde a poesia


Quando se perde a poesia,
é quando da noite pro dia,
a página fica vazia.
e nem uma linha se arrisca mais.

E quando se perde o poema
é como se a alma pequena,
tentasse valer a pena,
mas nem uma rima se arruma mais.

É como quem perde a fala
e a palavra que era divina,
do nada vira esgrima,
e crava.

É como quem chega na sala
e trava com uma angina.
E tenta uma volta por cima
e nada.

Um artista
preso em si.


 Lunar