quarta-feira, 28 de julho de 2010

A noiva do navio


Altair, no iní­cio, não era triste.
Já faz tempo apaixonou-se pelo sorriso da mais linda donzela.
Arrumou coragem na timidez,
perfumou-se, ensaiou um verso e partiu ansioso ao
encontro da amada.

"Te pesso assim inocente,
um beijo de amor só pra mim.
Ou então, sendo mais indecente,
te amaria por toda uma noite,
mesmo uma noite sem fim."

Por milhas e milhas ele navegou seguindo a esteira alucinante daquela cabeleira.
Mal sabia ele que era em vão.
A moça, indiferente, não o via.
A mágoa logo tocaria o coração de nosso poeta errante.
Primeiro o isolamento.
Depois o silêncio dos eremitas.
O sal, o tempo, o vento e a mágoa.
Água salgada no metal.
A ferrugem que corrói a alma de quem se entrega à dor.
Ruindo aos poucos.
Até o fim.

Lunar

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