sábado, 31 de julho de 2010

Pantera

Eu só a via quando havia raios em meio àquela tormenta.
Os clarões mostravam-na completa.
Uma Pantera Negra na escuridão Nefasta.
A boca carnuda e exata e os olhos parados em mim.
E sumia e voltava em meio aos flashs naquela escura mata.
E eu ali: cego e claro, cego e claro. E claro, totalmente cego.
Em prata, somente a silhueta sinuosa daquela fera gata.
Só se ouvia chuva e trovão e as patas dessa felina preta, que mansa se aproximava quieta.
E eu ali, cego e cru.
Com o perfume daquela mulata tão perto agora, que me decapta.
E então, na carne do meu pescoço nu
a língua dela vai se passando aflita.
E um arrepio inevitável me salta pela espinha intacta.
Os meus olhos se fecham cercados por uma sombra vasta.
Me clareia um corisco.
Um disco iluminado voando numa transa hasta.

Lunar

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